sexta-feira, 4 de julho de 2014

Aracne, a tecelã

Aracne era uma bela moça, filha de um tintureiro de lã, na cidade de Colofon. Sendo filha de quem era, desde cedo acostumara-se a bordar e tecer, revelando um talento inato para a arte. À medida que Aracne crescia, sua arte mais se aperfeiçoava, de tal modo que seus trabalhos eram disputados por todas as mulheres da cidade. 
A fama de Aracne cresceu tanto que até as ninfas dos rios e lagos próximos deixavam as águas para admirar os trabalhos de Aracne.
Um dia, Atena, a Deusa protetora dos artesãos, ao ficar sabendo que todos admiravam os bordados de Aracne, não aceitou a ideia de que uma reles mortal pudesse emparelhar-se com suas obras, respeitadas em todo Olimpo.
Assim, Atena decidiu apresentar-se diante da rival e ver se realmente ela era tudo aquilo que afirmavam. Transformando-se em uma velha, a Deusa rumou para o país onde vivia Aracne.
Quando lá chegou, encontrou a artesã sentada à beira de um lago, cercada por um exército de ninfas, que admiravam seu magnífico trabalho.
Atena disfarçada não gostou do que viu, pois a artesã realmente fazia um belo trabalho. Aracne disse que todos a achavam muito boa mesmo, revelando muita presunção.
Atenas insistiu, dizendo que ela devia agradecer a Deusa Atena pelo dom, mas a moça revelou-se orgulhosa demais ao dizer que o talento era apenas dela e nada devia a Atena.
Nisso, Atena se revelou a Aracne, desfazendo-se de seu disfarce e surgindo em todo seu esplendor diante da tecelã e das ninfas, que recuaram, entre assustadas e reverentes.
Aracne não demonstrou grande impressão e continuou a bordar como se nada tivesse acontecido.
Atena revoltada propôs um desafio, pois a moça recusava-se a olhar para ela: ambas teceriam para ver quem era a melhor.
E assim começou a batalha: fios deslizavam, para bordar um grande tapete figurativo. Atena escolhera fazer o retrato de uma disputa que tivera com Poseidon, enquanto Aracne bordava magistralmente a cena do rapto de Europa por Zeus.
Aos poucos as figuras ganhavam forma. Os fios de diversas cores passavam pelos dedos das mulheres como os fios que tecem o arco-íris, misturando-se e ganhando formas diversas.
Quando as duas terminaram o trabalho, a ansiedade e a expectativa das ninfas tornaram-se insuportáveis.
As ninfas julgariam os trabalhos e diriam quem venceu!!!
Atena sabia que o tapete de Aracne estava belíssimo e num aceso de raiva rasgou-o; não admitiria sofrer a humilhação de perder uma disputa.
Aracne não se conteve e também rasgou o trabalho de Atenas, chamando-a de cruel e injusta.
Atena não admitia tamanha afronta de uma mortal... erguendo sua mão sobre a cabeça da mortal que lhe havia dado as costas, rogou-lhe uma praga terrivel.
A moça que ainda estava sob o efeito da cólera não percebeu que seu corpo encolhia até transformar-se em uma bola negra. Depois surgiram várias pernas cabeludas, o que encheu de terror as ninfas, que fugiram apavoradas.
A criatura subiu em uma árvore e todos ouviram um barulho...
Aracne movimentava suas perninhas com extraordinária agilidade, costurando um manto com uma seda extremamente fina que retirava de seu dorso.
Aos poucos, Atena viu surgir diante de seus lhos um magnífico bordado circular, que excedia a tudo que ela já fizera ou vira.
Aracne, mesmo sob aquela forma estranha, tornou-se ainda mais talentosa com seus diversos braços.
Atena reconhecendo-se finalmente derrotada, partiu correndo pelo bosque...
Mas isso é outra história!!! 





quarta-feira, 2 de julho de 2014

O tear das Moiras

Numa caverna escura e isolada, viviam as Moiras, as três irmãs que determinavam o destino, tanto dos Deuses, quanto dos humanos.
Elas eram três irmãs, mulheres lúgubres, responsáveis por fabricar, tecer e cortar aquilo que seria o fio da vida de todos os indivíduos.
Eram filhas da Mãe da Noite, a força mais antiga do universo.
Sérias e quietas,as moiras provocavam medo em mortais e tinham o respeito dos deuses, pois eram as responsáveis pelo destino de todos. Nem mesmo o poderoso Zeus atrevia-se a contestá-las.
Durante o trabalho, as Moiras fazem uso da Roda da Fortuna, que é o tear utilizado para se tecer os fios. As voltas da roda posicionam o fio do indivíduo em sua parte mais privilegiada (o topo) ou em sua parte menos desejável (o fundo), explicando-se assim os períodos de boa ou má sorte de todos.
Cloto era fiandeira. Sentada no chão, ela ficava trançando cuidadosamente os fios do destino de cada criatura, tão logo nascesse. Amores, amizades, família, encontros e desencontros, tudo era planejado por ela.
Depois de terminar sua parte, passava os fios para as mãos de Láquesis, a medidora. Então, ela examinava tudo e decidia qual a melhor hora em que todas as coisas deveriam acontecer.
Depois, os fios chegavam às mãos de Átropos, a contadora. Ela avaliava cada vida e determinava, com justiça, o dia em que deveria findar, cortando o fio trabalhado pelas irmãs.
As Moiras estavam envolvidas em muitas histórias, uma delas...

É outra história!!!!
As moiras, com o fio da vida. Alegoria, por Strudwick (1885)